domingo, 27 de maio de 2012

Cara onde nos dirigimos

"Somos o espelho onde observar o erro que se tem de evitar. Argentina é o residuo que permanece dum pais globalizado. Onde estamos é cara onde se dirige o resto do mundo"...mas Argentina tamém é a dignidade humana, seremos quem de estar a sua altura?

Dim os trabalhadores neste video que "nos estabamos comenzado a aburguesar...", e refire-se a que quando estava o patrom todos praticavam o "escaqueo", agora que som cooperativa preocupam-se mesmo de desligar um lus qualquer.

Neste documental mostram-se as ocupações de fábricas abandoadas durante a época do Corralito em Argentina. Como é bem possível a autogestiom e conseguir fazer realidade o que em principio parece impossível. Porsuposto levou mais tempo do que se imaginava, alguns até 3 anos. 3 anos de resistência, tanto para nom ser desalojados polas "autoridades" legais, políticas, policiais...e tamém para ser quem de fazer com que as fábricas fossem para adiante.

No final até parece incrível que deixemos que controlem a nossa actividade de vida, que sejam 3 ou 4 xs que decidam quando, como e onde imos trabalhar. Qué impedia a estxs trabalhadorxs se ter organizado muito antes e trabalhar em cooperativas? Que nuvem de inverno nos pôem no dia que nascemos nos olhos para que nom sejamos quem de olhar mais que para o nosso umbigo...nom o nosso umbigo, o umbigo delxs. Paralisam-nos. Paralisamo-nos. Prescindimos do controlo da nossa vida, para nos poder "escaquear" no trabalho, para fazer uma separaçom maior entre a nossa vida "laboral" e de "entretimento". Nom só nos paralisamos a nós próprios senom que tamém paralisamos às que temos próximas. Multiplicamos a paralise. Sem o sistema nom poderiamos comer, estudar, viver, morrer, respirar....nom sei como é que conseguiu a humanidade sobreviver sem ele...Vivemos antes delx e viviremos depois delx., pois por muito que se empenhem em nos fazer crer, este "sistema" nom é mais do que uma mota de pó no universo.. 

Treme o corpo ao escuitar neste filme de Naomi Klein, aos políticos, governos internacionais, instituções globais financieiras, a avogar por recortes em serviços públicos, por empréstimos ao sector privado, por endevedamento do país, por despidos rápidos e condições laborais cada dia mais precárias...que levarom à misséria a tanta gente...que quase acabam com o pais...e reconhecer que som os mesmos discursos que nós estamos a escuitar hoje em dia cá.

O Menem quase a ganhar mais uma vez as eleições...incrível....e tam familiar aqui tamém...

Mas a experiência de outros nom vá servir para abrir os nossos olhos, porque a arrogância de pensar que "este" nom é um pais como "aquele", cá estamos na Europa, elxs vam ajudar, está tudo a correr bem, estes politicos agora sim vam resolver, a culpa foi dos outros...tanto lixo mental....que nom há contentores neste planeta para o processar.

Mais eu acho que nom vá ser tal coisa. Todxs somos aquelxs, e lá nos dirigimos da mão.






quinta-feira, 17 de maio de 2012

A alegria chegou

Depois de mais de 7 meses do meu regresso à Galiza acho o momento de escrever de novo neste blogue. 7 meses de viagem polo mundo e mais 7 meses de viagem no meu mundo particular em Lians, o meu pequenino paraiso, e cá estamos a nos encontrar uma e outra vez.

Posso dizer que eu já nom vou de viagem, mas a viagem é que está dentro de mi, lá onde eu estiver, como a minha companheira infatigável. E gosto, pois viaxar é aprender, é nom encontrar o que se procura e encontrar o que nunca se imaginou. É o meio de transporto, que parece eu elegi (ou será que fui elegida), neste caminho que é a vida.

Na minha cabeça agora muitos projectos emocionantes, o que é também mais uma maneira de viaxar/aprender. Como na primavera, a sementeia começa a germinar. Por todos lados iniciam-se processos próximos ou alhéios mas que contribuem a fazer da nossa comunidade um espaço mais respirável. E precisamos, como todas sabemos, nestes tempos, de ar que respirar e água que poder beber. A putrefaçom apoderou-se de todos os espaços e estava a ser impossível fugir de sermos contaminadas por ela. Essa direita que sempre estivo aí poderosa, agora tornou-se ainda mais forte e corajosa, sem medo a se mostrar como é e com o triste apoio daquelas a quem mais oprime. Essa esquerda que nos abandonou há tempo, está agora com certeza noutro planeta, a se fechar mais e mais em si própria, a nos desprezar mais ainda e a nom nos sorpreender mais nunca.

Mas nom faz mal, porque apesar de tudo, a vida continua e nós caminhamos com ela. Somos capazes de deitar fóra o lixo emocional, político, cultural...e fazer com que cousas novas entrem nos nossos corpos, mentes, e almas (para as que têm disso). E somos nós as que constróimos com cada dúvida, erro e nova tentativa essa base social que, na minha opiniom, é imprescindível. O caminho é longo, mas todas sabemos dentro de nós, que é possível. E parece que lá vamos, se só penso nas pequenas e grandes iniciativas que começam a sair por todos os cantos da comunidade, da nossa mais próxima e das outras todas.

Às vezes defende-se até o extremo a unidade por cima de tudo, mas eu pergunto, a unidade de qué? de quem? quem há detrás dos grupos unitários? quais som as sensibilidades e propostas desses pequenos ou grandes grupos que conformam a o grupo unitário? qué fazer quando a unidade engole a diversidade até o ponto de que já nom somos vozes a aportar, senom que tornamos em voz que nos silência?

E ao dizer isto, um sorriso aparece na minha face, pois eu sei que há otros jeitos de fazer, e que nom som já só hipoteses, mas que som realidades. Sorrio porque a alegria chegou. Chegou através das complicidades, dos debates, dos entendimentos, das confrontações, das paixões compartidas, das derrotas assumidas, do morrer e do nascer individual e colectivo, dos silêncios, das explossões de ideias, dos nom posso mais...dos vamos lá todas juntas!

O caminho é longo, repito, mas está já iniciado apesar de todas e todos elxs, e por causa de todas e todos nós :)


domingo, 28 de agosto de 2011

O bonde de Santa Teresa


Ontem um dos bondes de Santa Teresa teve um accidente. 7 pessoas morreram...dissem que todas as que nele viajavam no momento do accidente. O Bonde ficou destrozado...os corpos das 7 pessoas também. Quando eu passava para o meu hostal vi os corpos de 4 dessas 7 pessoas no chão, covertos por uns lençois brancos. A polícia, xs jornalistas, a vecinhança e curiosxs..todxs lá a olhar para o monte de ferros, o sangue, os corpos imóveis...
No dia seguinte, hoje domingo, fui visitar a parte alta do bairro bohemio de Santa Teresa. Depois de comer o meu lanche ouvi um barulho de gente a subir a ladeira a berrar por justiça. Detrás delxs vinham os restos do bonde accidentado no dia anterior, escoltado pela polícia. Começarom a berrar também em contra da polícia, acho por que queriam disuadir o pessoal de continuar a sua particular procissom do bonde. Era uma processom em memória das vizinhas e vizinhos mortos, que muitos deles conheciam, berravam muito o nome dum tal Nestor...Uma mulher próxima a mim falava que elxs tinham razom em recriminar a polícia: não foi a mãe deles que ia no bonde, não foi o pai deles que ia no bonde...forom xs nossos...por isso é que eles não se importam de nada.
Um homem e uma mulher falaram à gente sobre a responsabilidade do governo local...estadual....no acontecido. Nom tem de eliminar os bondes, o que tem é de utilizar o dinheiro acordado no seu mantimento. Este foi um accidente causado polo desleixo das autoridades, mais nada. O bonde é preciso para nós viajar, não queremos que o bonde vá embora, queremos que o seu mantimento seja feito, para assim poder viajar com maior segurança.
Eu, senti-me uma deles, pois eu vira esses corpos sem vida no chão, o bonde desfeito, as caras da vizinhança, as suas lagrimas, e pensei que eu podei ter sido uma dessas pessoas, pois como muitos turistas tinha pensado em viajar nele precisamente esse domingo.
Hoje vim o sentimento de comunidade que ainda existe nesta parte do mundo. Uma cidade com grandes contrastes, incômodas contradições, especialmente para xs que a visitamos como turistas occidentais, com os petos cheios e as cabeças, com frequência, bastante vazias. Mas olhar esta realidade...é dificil. A vida e a morte, a riqueza e a pobreza, a alegria e a tristeza...e as nossas mãos cheias de sangue, as mãos dxs europeixs cheias de sangue e os corações de culpa. A beleza e a fealdade do Rio muito e nada nos deve.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Limpeza emocional? Limpeza estomacal!

5 dias em Puerto Iguazú. 3 mais dos pensados pois em vez de limpeza emocional mais bem estivem com .... limpeza estomacal, polo que dias de chuva intensa metida no hostel, com um pé no banho e outro na cama....bom, imaginade.
No final nom estivo mal de todo. Fui ao hospital público argentino onde me disserom o que sabia, que foi algo que me sentou mal e que os vomitos, dor de cabeça e diarrea som parte dum processo que o corpo, que é mui sábio, tem de fazer, que nem se me ocurrira parar o processo com medicamentos e que fissera uma deliciosa dieta baseiada em polo fervido e arroz..
O bom é que deu para que iniciara o livro de Galeano "Las venas abiertas de América Latina". Estremecese-me o corpo com cada linha. Isto é o que deviamos ler na escola e nom as bobagens insípidas e ambiguas que aprendemos que nom fam mais que minguar o nosso cerebro ao tamanho dum dédalo...e os nossos corações tamém.
Entre vomito e visita ao banho puidem visitar a parte Argentina e Brasileira das cataratas de Iguazú/Iguaçú. Uma maravilha da natureza, uma experiência de força, poder, beleza...que sei eu. Que xs humanxs somos as ratas do mundo e o resto é perfeiçom.
Em breve ponherei fotos para que vejades.
Amanhã saio para Rio de Janeiro, a minha última viagem antes de regressar à Europa. Ficam menos de duas semanas para terminar a viagem....menos de duas semanas

domingo, 14 de agosto de 2011

A bagagem que deixo no caminho

Um mês em Buenos Aires e cada dia tenho mais cousas por descobrir. Na próxima viagem vou ter de dar 3 meses a cada lugar que visito pois as duas semanas convertem-se em 4 e as 4 semanas em dous meses....
Nesta viagem física e mental da que já falei parece que me chegou o momento de abrir uma dessas "caixinhas" das que pouco ou nada queria saber. Mas preciso de respirar, deitar fóra o que já nom serve. Eligo caminhar sem a bagagem da dor e resentimento e poder assim me encher de cousas novas.  Mais fácil de dizer que de fazer, mas o primeiro passo, talvez um dos mais dificeis está já dado. :)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Buenos Aires: amalgama de identidades

Buenos Aires apresenta-se como uma cidade heterogena, dificil de describir e definir. Som muitas cidades numa só. Cada bairro com a sua própria identidade. Penso que pouco a ver com a imagem oficial para as turistas. Os arrabais e a cidade do século XX ficarom...no século XX. Hoje uma história em construçom onde participam novas culturas, vestígios daquelas que alguma vez foram motores da economia do pais e as novas gerações de argentinas que som uma mistura de todas as gentes que alguma vez por diversas razões vinheram morar cá.
Terei que me perder muito para pode-la conhecer.

domingo, 19 de junho de 2011

Au revoir à l'Asie!

Fica apenas uma semana para deixar a China, e sinto melancolia. Pois o meu presente tornará-se o meu passado enquanto ponha um pé no aviom que me há levar longe daqui. Deixo a minha bicicleta com a Daria, com a esperança de utilizá-la novamente nesta cidade, que já é um bocadinho minha.
Levo chá e umas palavras de chinês comigo, e a curiosidade de conhecer mais e mais sobre este país imenso e sobre as suas gentes. 
Deixo a Ásia depois de 5 meses intensos em cada um dos seus 150 e tantos dias.. a Camboja no coraçom, o Vietname, a minha viagem inacabada, e o Beijing o meu primeiro passinho na China. já nom posso olhar à vida do mesmo jeito, há mais portas abertas que nunca, muitas mais possibilidades, o caminho nom remata nunca..

Gigi estarás contenta!!! (Gigi é a culpável de que eu vinhera a Beijing...para as que nom o saibades)