domingo, 28 de agosto de 2011

O bonde de Santa Teresa


Ontem um dos bondes de Santa Teresa teve um accidente. 7 pessoas morreram...dissem que todas as que nele viajavam no momento do accidente. O Bonde ficou destrozado...os corpos das 7 pessoas também. Quando eu passava para o meu hostal vi os corpos de 4 dessas 7 pessoas no chão, covertos por uns lençois brancos. A polícia, xs jornalistas, a vecinhança e curiosxs..todxs lá a olhar para o monte de ferros, o sangue, os corpos imóveis...
No dia seguinte, hoje domingo, fui visitar a parte alta do bairro bohemio de Santa Teresa. Depois de comer o meu lanche ouvi um barulho de gente a subir a ladeira a berrar por justiça. Detrás delxs vinham os restos do bonde accidentado no dia anterior, escoltado pela polícia. Começarom a berrar também em contra da polícia, acho por que queriam disuadir o pessoal de continuar a sua particular procissom do bonde. Era uma processom em memória das vizinhas e vizinhos mortos, que muitos deles conheciam, berravam muito o nome dum tal Nestor...Uma mulher próxima a mim falava que elxs tinham razom em recriminar a polícia: não foi a mãe deles que ia no bonde, não foi o pai deles que ia no bonde...forom xs nossos...por isso é que eles não se importam de nada.
Um homem e uma mulher falaram à gente sobre a responsabilidade do governo local...estadual....no acontecido. Nom tem de eliminar os bondes, o que tem é de utilizar o dinheiro acordado no seu mantimento. Este foi um accidente causado polo desleixo das autoridades, mais nada. O bonde é preciso para nós viajar, não queremos que o bonde vá embora, queremos que o seu mantimento seja feito, para assim poder viajar com maior segurança.
Eu, senti-me uma deles, pois eu vira esses corpos sem vida no chão, o bonde desfeito, as caras da vizinhança, as suas lagrimas, e pensei que eu podei ter sido uma dessas pessoas, pois como muitos turistas tinha pensado em viajar nele precisamente esse domingo.
Hoje vim o sentimento de comunidade que ainda existe nesta parte do mundo. Uma cidade com grandes contrastes, incômodas contradições, especialmente para xs que a visitamos como turistas occidentais, com os petos cheios e as cabeças, com frequência, bastante vazias. Mas olhar esta realidade...é dificil. A vida e a morte, a riqueza e a pobreza, a alegria e a tristeza...e as nossas mãos cheias de sangue, as mãos dxs europeixs cheias de sangue e os corações de culpa. A beleza e a fealdade do Rio muito e nada nos deve.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Limpeza emocional? Limpeza estomacal!

5 dias em Puerto Iguazú. 3 mais dos pensados pois em vez de limpeza emocional mais bem estivem com .... limpeza estomacal, polo que dias de chuva intensa metida no hostel, com um pé no banho e outro na cama....bom, imaginade.
No final nom estivo mal de todo. Fui ao hospital público argentino onde me disserom o que sabia, que foi algo que me sentou mal e que os vomitos, dor de cabeça e diarrea som parte dum processo que o corpo, que é mui sábio, tem de fazer, que nem se me ocurrira parar o processo com medicamentos e que fissera uma deliciosa dieta baseiada em polo fervido e arroz..
O bom é que deu para que iniciara o livro de Galeano "Las venas abiertas de América Latina". Estremecese-me o corpo com cada linha. Isto é o que deviamos ler na escola e nom as bobagens insípidas e ambiguas que aprendemos que nom fam mais que minguar o nosso cerebro ao tamanho dum dédalo...e os nossos corações tamém.
Entre vomito e visita ao banho puidem visitar a parte Argentina e Brasileira das cataratas de Iguazú/Iguaçú. Uma maravilha da natureza, uma experiência de força, poder, beleza...que sei eu. Que xs humanxs somos as ratas do mundo e o resto é perfeiçom.
Em breve ponherei fotos para que vejades.
Amanhã saio para Rio de Janeiro, a minha última viagem antes de regressar à Europa. Ficam menos de duas semanas para terminar a viagem....menos de duas semanas

domingo, 14 de agosto de 2011

A bagagem que deixo no caminho

Um mês em Buenos Aires e cada dia tenho mais cousas por descobrir. Na próxima viagem vou ter de dar 3 meses a cada lugar que visito pois as duas semanas convertem-se em 4 e as 4 semanas em dous meses....
Nesta viagem física e mental da que já falei parece que me chegou o momento de abrir uma dessas "caixinhas" das que pouco ou nada queria saber. Mas preciso de respirar, deitar fóra o que já nom serve. Eligo caminhar sem a bagagem da dor e resentimento e poder assim me encher de cousas novas.  Mais fácil de dizer que de fazer, mas o primeiro passo, talvez um dos mais dificeis está já dado. :)